O mundo cristão não seria o mesmo sem a mensagem que Paulo de Tarso transmitiu ao Império Romano. Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre pensadores e religiosos. Afinal, Paulo espalhou ou deturpou a palavra de Cristo?

Como os
portões da cidade estavam vigiados, ele escondeu-se num cesto que foi descido
pelas muralhas.
Era noite e Paulo andou por cinco horas até sentir-se a salvo.
Após seis dias de caminhada, chegou a Jerusalém. Havia três anos que ele tinha
deixado a cidade.Os cristãos de Jerusalém o
receberam com desconfiança. Afinal de contas, ainda estavam vivas na memória as
atrocidades cometidas por Paulo. Coube a Barnabé, um ex-colega da escola de
Gamaliel convertido ao cristianismo, apresentá-lo aos apóstolos. Foi nessa
ocasião que aconteceu o primeiro encontro com Pedro, um dos discípulos mais
próximos de Jesus. Durante 15 dias, eles permaneceram juntos. Mas não tardou
para o Sinédrio saber que Paulo, agora cristianizado, havia voltado. Diante do perigo
que corria em Jerusalém, Paulo mais uma vez teve de fugir: o destino foi Tarso,
sua cidade natal, onde permaneceu por sete ou oito anos. Nada se sabe sobre sua
vida nesse período...
Paulo – descrito em textos
apócrifos como "um homem pequeno com uma grande cabeça careca" –
partiu para sua primeira jornada missionária. Nessa ocasião, ele tinha cerca de
40 anos. Durante 12 anos, de 46 a 58, Paulo empreendeu quatro viagens
evangelizadoras, visitando boa parte do Império Romano, que se estendia da
Grã-Bretanha ao Oriente Médio, passando pelo norte da África. Eram jornadas
árduas, feitas a pé ou de navio, sempre na companhia de outros discípulos.
Quando viajavam por terra, seguiam pelas estradas romanas, percorrendo 30
quilômetros por dia.
A estratégia pastoral de Paulo
era bem definida. Pregava nas sinagogas, em casas e praças de grandes centros
urbanos, que funcionavam como pólos irradiadores da mensagem. Ao sair,
designava um líder responsável pelo rebanho. A primeira viagem, entre 46 e 48,
foi feita em companhia de Barnabé e de Marcos, outro discípulo cristão, o mesmo
a quem é atribuído um dos quatro evangelhos. É a partir
dessa primeira expedição que Paulo deixa de ser chamado pelo nome judeu Saulo.
Antes de partir para a segunda
viagem, Paulo foi intimado a participar do Concílio Apostólico de Jerusalém, em
49, que reuniu a nata do cristianismo primitivo. Foi um encontro tenso, onde,
pela primeira vez, vieram à tona as divergências entre Paulo e o grupo de
judeus-cristãos, tendo à frente Pedro e Tiago Menor, líder da comunidade cristã
em Jerusalém.
A assembléia discutiu assuntos delicados, como a obrigatoriedade
da circuncisão para os pagãos convertidos ao cristianismo. A questão era
importante e polêmica, pois a circuncisão era encarada como a porta de entrada
do judaísmo. Ao aceitá-la, os convertidos assumiam que adotariam integralmente
a cultura judaica. Paulo era contra, pois acreditava que o sacramento do
batismo era suficiente para a conversão. Em suas pregações, ele encontrava
forte resistência dos pagãos, que não entendiam por que deveriam se submeter ao
ritual de iniciação judaico para tornar-se cristãos. Depois de acirradas
discussões, Paulo saiu vitorioso. Foi, em parte, por causa dessa liberalização
que Paulo arrebanhou um número tão grande de fiéis.
Ao final do encontro, Paulo
recebeu a alcunha de "apóstolo dos gentios", em contraposição a Pedro,
chamado de "apóstolo dos judeus".
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