Quando eu era criança e pegava uma tangerina para
descascar, corria para meu pai e pedia: "Pai, começa o começo!”
O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na
casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois,
sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras
vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo
providencial que ele havia feito.
Não sou mais criança. E muitas vezes fico tão perdido sem
saber pra quem pedir pra pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras
que encontro pelo caminho.
Hoje, minhas “tangerinas” são outras. Preciso “descascar”
as dificuldades do trabalho, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário
para fazer tudo certo, para não decepcionar as pessoas que me amam, as dúvidas
e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.
Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em
enormes abacaxis… Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai
quando lhe pedia para “começar o começo” era o que me dava a certeza que
conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta.
Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a
casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir
a Deus: “Pai, começa o começo!”
Ele não só “começará o começo”, mas resolverá toda a
situação para você. Não sei que tipo de dificuldade eu e você encontraremos
pela frente. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir,
sempre que for preciso: “Pai, começa o começo."
Roberto Shinyashiki