quarta-feira, 29 de maio de 2013

O EVANGELHO DE MARIA MADALENA



 

O Evangelho de Maria Madalena é considerado um Evangelho Apócrifo, e foi escrito possivelmente do século II e do qual chegaram até nossos dias apenas alguns fragmentos.
Dele conservam-se somente três fragmentos: dois, muito pequenos, em grego, em manuscritos do século III e  outro, mais extenso, em copto, provável tradução do original grego. O texto copto foi achado em 1896 embora não tenha sido publicado até 1955. Os fragmentos em grego foram publicados, respectivamente, em 1938 e em 1983.

Em nenhum dos fragmentos há alguma menção sobre o autor deste evangelho. O nome que recebe tradicionalmente, Evangelho de Maria Madalena, deve-se a que se cita no texto uma discípula de Jesus chamada Maria, que a maioria dos especialistas identificam com a Maria Madalena que aparece nos Evangelhos Canônicos.
Não pode ser posterior ao século III, já que os manuscritos em grego correspondem a esta época. Por características internas do texto, como a presença de ideias gnósticas, considera-se que foi redigido no século II.

 
Conteúdo
No fragmento copto, que é o mais extenso, faltam várias páginas e trata-se de um diálogo entre Jesus e seus discípulos. Depois da partida de Jesus, os Apóstolos ficaram desorientados:
 


Eles, no entanto, estavam entristecidos e choravam amargamente dizendo: Como iremos até os gentios e pregaremos o evangelho do reino do filho do homem? Se não tiveram nenhuma consideração com Ele? Como terão conosco?
Então, Maria levantou-se, saudou a todos e disse a seus irmãos:
Não choreis e não vos entristeçais. Não vacileis mais, pois sua graça descerá sobre vós e vos protegerá. Melhor, glorifiquemos sua grandeza, pois nos preparou e nos fez homens. Depois de dizer isto, Maria converteu seus corações ao bem e começaram a comentar as palavras do [Salvador].
Maria, então, relata uma visão e o diálogo que manteve com Jesus nesta visão, cheio de termos próprios do pensamento gnóstico.
O testemunho de Maria é recusado por André e por Pedro, os que duvidam que Jesus tenha preferido uma mulher que a eles para fazer revelações secretas. No entanto, Levi (o apóstolo Mateus) decide pregar "o Evangelho segundo Maria".
Segundo interpretações, o texto revela as tensões existentes nas primitivas comunidades cristãs entre os proto-ortodoxos, representados por Pedro, e os gnósticos, simbolizados por Maria Madalena. Um confronto similar existe em outros textos gnósticos, como o Evangelho de Tomás, a Pistis Sopia ou o Evangelho Copto dos egípcios. Além disso, de acordo com este texto, Maria Madalena teria sido depositária de revelações secretas de Jesus, e teria tido um papel destacado na comunidade cristã pós-pascoal.
Podemos encontrar certas analogias entre as idéias expostas neste evangelho e as religiões orientais como o taoísmo e o budismo.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

MARIA MADALENA

 
Gruta de Sainte Baume em Sainte Marie La Mer
As Escolas Espiritualistas costumam recomendar Maria Madalena como um modelo de reforma intima a ser seguido. A tradição cristã também observa Maria Madalena como um simbolo para aqueles que tenham intenção de mudar suas vidas a partir dos ensinamentos de Jesus. De qualquer maneira, a historia fascinante desta mulher inspira e seduz aqueles que buscam o auto-conhecimento. Como diz o ditado "sempre que se tenta aprender alguma coisa sobre alguém, acaba-se descobrindo algo sobre sí mesmo". Seja pela identificação ou pela comparação de modelos, Maria Madalena talvez seja a maior prova disto para aqueles que professam a fé cristã.

Ao mergulhar na busca por esta personagem inportante da vida de Jesus, cheguei ao sul da França e a uma historia que já deu margem a muitas outras. Porque existe uma tradição segundo a qual Maria Madalena, seu irmão Lázaro e Maximino, um dos setenta e dois discípulos, bem como alguns companheiros, viajaram num barco pelo mar Mediterrâneo fugindo das perseguições na Terra Santa e desembarcaram finalmente no lugar chamado Saintes-Maries-de-la-Mer, próximo de Arles.
Posteriormente, Maria Madalena viajou até Marselha, onde iniciou a evangelização na Provence, para depois retirar-se para uma gruta -A Sainte Baume- nas proximidades de Marselha, onde teria levado uma vida de penitência durante 30 anos. Segundo esta tradição, quando chegou a hora de sua morte, foi levada pelos Anjos a Aix-em-Provence, ao oratório de São Maximino, onde recebeu a extrema unção. Seu corpo foi sepultado no oratório construído por Maximino em Villa Lata, conhecido desde então como Sto. Maximino.
O primeiro lugar da França no qual se sabe que houve culto a Maria Madalena foi a cidade de Vézelay, em Borgonha. Estão confirmadas as peregrinações ao sepulcro de Maria Madalena em Vézelay desde pelo menos 1030. Santiago de Vorágine refere à versão oficial do translado das relíquias da Santa desde seu sepulcro no oratório de São Maximino em Aix-em-Provence até a recém-fundada abadia de Vézelay, em 771.
 
Um culto posterior que atraiu numerosos peregrinos iniciou-se quando o corpo de Maria Madalena foi oficialmente descoberto, em 9 de setembro de 1279, em Saint-Maximin-a-Sainte-Baume, Provence, pelo então príncipe de Salerno, futuro rei Carlos II de Nápoles. Nessa localidade construiu-se um grande monastério domínico, de estilo gótico, um dos mais importantes do sul da França.
 
Em 1600 as supostas relíquias foram depositadas em um sarcófago, que o papa Clemente VIII mandou fazer, mas a cabeça foi depositada à parte, em um relicário. As relíquias foram profanadas durante a Revolução Francesa. Em 1814 restaurou-se o templo e recuperou-se a cabeça da Santa, que se venera atualmente nesse lugar. Todo ano, de 23 a 25 de maio, realiza-se um festival na cidade de Les-Saintes-Maries-de-La-Mer, na França, no santuário dedicado a Santa Sara, a egípcia, também chamada de Sara Kali, a "Rainha Negra':

As pesquisas revelaram que esse festival, cuja origem remonta à Idade Média, homenageia uma criança "egípcia" que acompanhava Maria Madalena, Marta e Lázaro quando de sua chegada à região, num pequeno barco, por volta do ano 42 d.C. Parece que se difundiu entre os habitantes locais a suposição de que a criança, por ser "egípcia”, tinha pele escura. Como não se encontrou nenhuma outra explicação razoável para a sua presença, deduziu-se, posteriormente, que ela devia ter vindo de Betânia como serva da família.

ROTEIRO PARA VIAGEM

 
- Para conhecer Saintes Maries La Mer e a Gruta de Sainte Baume, o melhor periodo é entre Junho e Agosto.

- Evite a Festa de Santa Sara em Maio, quando a cidade fica cheia demais. Santa Sara é a padroeira dos Ciganos.

- Melhor hospedar-se em Arles, a 40 km de Sainte Marie, que tem maior oferta de hotéis e mais baratos que em St. Marie.

- Para chegar lá, pode-se alugar um carro em Arles ou usar um taxista local, que e são acostumados com este trajeto.

Pesquisa: local, Carte de la Cité de Sainte Marie La Mer, VOPUS, Wikipedia.

 

sábado, 25 de maio de 2013

VIDAS PASSADAS - Introdução


 

INTRODUÇÃO

          Muitos estudiosos se dedicam a desvendar o misterioso mundo do além. Cientistas de todo o mundo registram evidencias de visões descritas por pacientes em estado terminal, a chamada EQM, experiência de quase morte.

A possibilidade da vida e da morte serem mais do que processos biológicos, a existência do espirito e o conceito de reencarnações sucessivas, são temas que agitam discussões filosóficas e religiosas desde sempre. Povos da antiguidade, especialmente os orientais, tinham versões diferentes para o que acontece após a morte. O assunto polêmico também agita o meio científico..

            Há uma tese que diz que, estas experiências de quase morte, são alucinações geradas pela falta de oxigênio no cérebro. O problema é que existem apenas evidências e não provas desses fenômenos. E eles podem ter explicações alternativas, apesar de se repetirem da mesma forma em vários lugares do mundo. Muitas destas teorias são aceitas sem uma rigorosa avaliação só por virem de profissionais de prestígio. A contribuição dos espiritualistas passa pela busca de formas contundentes para a aceitação do transcendental, como a gravação de vozes e até de imagens de espíritos. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

O HOMEM QUE INVENTOU JESUS

O mundo cristão não seria o mesmo sem a mensagem que Paulo de Tarso transmitiu ao Império Romano. Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre pensadores e religiosos. Afinal, Paulo espalhou ou deturpou a palavra de Cristo?

 
Paulo tinha cerca de 28 anos quando ocorreu seu encontro místico com Jesus. Depois de ter se tornado um fervoroso discípulo do Nazareno, viveu algum tempo na comunidade cristã damasquina, até ser expulso pelos judeus. Refugiou-se por cerca de dois anos na Arábia – território dominado pela tribo dos nabateus –, que se estendia do mar Vermelho até Damasco, margeando a Palestina pelo leste. Nesse período, estudou e refletiu sobre os ensinamentos de Cristo. Por volta do ano 37, retornou a Damasco, onde fez suas primeiras pregações. Mais uma vez, provocou a fúria da comunidade judaica e teve de deixar a cidade numa fuga cinematográfica.
Como os portões da cidade estavam vigiados, ele escondeu-se num cesto que foi descido pelas muralhas.
 
Era noite e Paulo andou por cinco horas até sentir-se a salvo. Após seis dias de caminhada, chegou a Jerusalém. Havia três anos que ele tinha deixado a cidade.Os cristãos de Jerusalém o receberam com desconfiança. Afinal de contas, ainda estavam vivas na memória as atrocidades cometidas por Paulo. Coube a Barnabé, um ex-colega da escola de Gamaliel convertido ao cristianismo, apresentá-lo aos apóstolos. Foi nessa ocasião que aconteceu o primeiro encontro com Pedro, um dos discípulos mais próximos de Jesus. Durante 15 dias, eles permaneceram juntos. Mas não tardou para o Sinédrio saber que Paulo, agora cristianizado, havia voltado. Diante do perigo que corria em Jerusalém, Paulo mais uma vez teve de fugir: o destino foi Tarso, sua cidade natal, onde permaneceu por sete ou oito anos. Nada se sabe sobre sua vida nesse período...
 
Paulo – descrito em textos apócrifos como "um homem pequeno com uma grande cabeça careca" – partiu para sua primeira jornada missionária. Nessa ocasião, ele tinha cerca de 40 anos. Durante 12 anos, de 46 a 58, Paulo empreendeu quatro viagens evangelizadoras, visitando boa parte do Império Romano, que se estendia da Grã-Bretanha ao Oriente Médio, passando pelo norte da África. Eram jornadas árduas, feitas a pé ou de navio, sempre na companhia de outros discípulos. Quando viajavam por terra, seguiam pelas estradas romanas, percorrendo 30 quilômetros por dia.
A estratégia pastoral de Paulo era bem definida. Pregava nas sinagogas, em casas e praças de grandes centros urbanos, que funcionavam como pólos irradiadores da mensagem. Ao sair, designava um líder responsável pelo rebanho. A primeira viagem, entre 46 e 48, foi feita em companhia de Barnabé e de Marcos, outro discípulo cristão, o mesmo a quem é atribuído um dos quatro evangelhos.  É a partir dessa primeira expedição que Paulo deixa de ser chamado pelo nome judeu Saulo.
Antes de partir para a segunda viagem, Paulo foi intimado a participar do Concílio Apostólico de Jerusalém, em 49, que reuniu a nata do cristianismo primitivo. Foi um encontro tenso, onde, pela primeira vez, vieram à tona as divergências entre Paulo e o grupo de judeus-cristãos, tendo à frente Pedro e Tiago Menor, líder da comunidade cristã em Jerusalém.
 
A assembléia discutiu assuntos delicados, como a obrigatoriedade da circuncisão para os pagãos convertidos ao cristianismo. A questão era importante e polêmica, pois a circuncisão era encarada como a porta de entrada do judaísmo. Ao aceitá-la, os convertidos assumiam que adotariam integralmente a cultura judaica. Paulo era contra, pois acreditava que o sacramento do batismo era suficiente para a conversão. Em suas pregações, ele encontrava forte resistência dos pagãos, que não entendiam por que deveriam se submeter ao ritual de iniciação judaico para tornar-se cristãos. Depois de acirradas discussões, Paulo saiu vitorioso. Foi, em parte, por causa dessa liberalização que Paulo arrebanhou um número tão grande de fiéis.
 
Ao final do encontro, Paulo recebeu a alcunha de "apóstolo dos gentios", em contraposição a Pedro, chamado de "apóstolo dos judeus".