quarta-feira, 28 de março de 2018

TERAPIA DAS VIDAS PASSADAS

Apesar de ter ficado muito popular nos últimos 10 anos com o advento das terapias das vidas passadas, há muito tempo estudiosos se dedicam a desvendar o misterioso mundo do além. Cientistas de todo o mundo registram evidencias de visões descritas por pacientes em estado terminal, a chamada EQM, experiência de quase morte. A possibilidade da vida e da morte serem mais do que processos biológicos, a existência do espirito e o conceito de reencarnação, são temas que agitam discussões filosóficas e religiosas desde sempre. Povos da antiguidade, especialmente os orientais, tinham versões diferentes para o que acontece após a morte, mas este assunto polêmico também agita o meio científico...

Há uma tese que diz que, as Experiências de Quase Morte, são alucinações geradas pela falta de oxigênio no cérebro quando um paciente entra em coma por exemplo. O problema é que existem apenas evidências e não provas desses fenômenos. E eles podem ter outras explicações, apesar de se repetirem da mesma forma em vários lugares do mundo. Muitas destas teorias são aceitas sem uma rigorosa avaliação só por virem de profissionais de prestígio. A contribuição dos espiritualistas passa pela busca de formas contundentes para a aceitação do transcendental, como a gravação de vozes e até de imagens de espíritos.

Mas, enquanto os cientistas tentam conhecer apenas superficialmente esse mundo imaterial, outros se dedicam a explorá-lo mais profundamente, querendo saber o que acontece de fato depois da morte. Então, alguns psicólogos e psiquiatras, passaram considerar o que era teoria, como aceitável, devido aos relatos de pacientes submetidos à terapia de vidas passadas. No tratamento, eles são levados, por hipnose, a reviver memórias traumáticas de supostas reencarnações. A partir disto, um grande campo de pesquisas foi aberto e, passada a primeira fase de perplexidade, surgiu o interesse pelo que chamam de “entrevidas” – período entre uma encarnação e outra. Se o ser humano vive várias vidas, o que faz entre uma e outra? Segundo o conceito espirita, se prepara para a nova empreitada na Terra se assim for necessário. Muitos são levados a hospitais, outros a centros de recuperação e estudos.

Um grupo de pesquisadores criou um projeto com médicos e cientistas ligados a Universidade de São Paulo e começaram a ouvir alguns relatos em que os pacientes citam locais de natureza exuberante e prédios com equipamentos médicos e de comunicação altamente sofisticados. Descrevem máquinas avançadas utilizadas no processo de cura aplicada para ajudar no autoconhecimento que antecede cada reencarnação. Dizem que as cidades espirituais possuem estações de transição e hospitais para acolhimento dos que chegam, situadas sobre diversas regiões do planeta, a mesma descrição encontrada nos relatos do além descritos pelo Doutor Bezerra de Menezes nos seus livros e em especial no romance  “Nosso Lar” psicografado por Chico Xavier. Menciona também o Centro de Pesquisas da Consciência, onde o espírito vê projetado em uma tela os fatos de suas encarnações anteriores.

Nas sessões de regressão, são revistas todas as fases da vida para detectar traumas que possam ter relação com a queixa do paciente. Se ele for para uma suposta vida passada, é conduzido a vivenciar a suposta morte e o período “entrevidas”.  Nestas sessões, é comum a lembrança de momentos dolorosos daquele período. Solidão, abandono, tristeza, ódio e paixão permanecem intactos no além. Mas há também a referência a amigos, familiares e desconhecidos iluminados. Alguns falam de seres benéficos, outros de uma luz que os conduz a locais de repouso e recuperação.  Também descrevem com riqueza de detalhes os estados emocionais, conflitos e encontros com familiares ou seres mais evoluídos. Alguns descrevem até a visão do próprio velório e enterro e a permanência entre os vivos.
Nessas sessões, também é comum, os pacientes se verem programando a próxima volta a Terra. É quando a pessoa entende por que pediu para voltar naquele contexto. Nesse período, os espíritos podem ser tratados, trabalhar, estudar e conhecer estágios de evolução diferentes. Depois, reencarnam para testar o que aprenderam neste período.

Os que passam pela experiência ficam fascinados em descobrir que foram soldados, sacerdotes ou simples escravos e outras vidas e revivem as dores, amores, ódios e fracassos destas experiências. Mas o que dá credibilidade à terapia é a eficácia com que os pacientes resolvem seus problemas depois de se subterrem ao processo. A maioria resolve questões de ordem psicológica ou problemas de saúde que a medicina ou terapia convencional não curaram antes. Alguns pacientes demonstraram preocupação em se participar pelo fato de que a ideia de reencarnação não faz parte de suas crenças religiosas, o que para o tratamento não importa.

Segundo os médicos do projeto, mesmo que a lembrança e sentimentos despertados durante o processo terapêutico não sejam reais, mas apenas formas representativas, elas cumprem a função de trazer para o consciente, problemas mal resolvidos e traumas jogados para debaixo do tapete da mente. De qualquer forma, já há um esforço para se comprovar cientificamente se essas memórias são verídicas ou elaborações mentais. Institutos e Associações médicas respeitadas pesquisam o funcionamento do cérebro durante a terapia regressiva. Cito aqui, por exemplo, um estudo feito pela Universidade da Pensilvânia que monitorou o fluxo sanguíneo no cérebro e revelou que as estruturas mais solicitadas são as do lobo médio temporal e as do lobo pré-frontal esquerdo, que respondem pela memória e pela emoção. Conclui-se daí que as histórias contadas durante a regressão não são fruto da imaginação, pois, se assim fosse, o lobo frontal seria acionado e a carga emocional não seria tão intensa.

A crença na vida após a morte faz parte de religiões orientais como o budismo e o hinduísmo e esses detalhes coincidem com os conceitos defendidos pelo espiritismo. Vários livros psicografados pelo médium Chico Xavier mostram situações e cenários semelhantes. Os que chegam ao estado maior de evolução só voltam a Terra se quiserem. Todos são submetidos ao que Alan Kardec, o codificador do espiritismo, chama de planejamento reencarnatório: os menos evoluídos nada escolhem, são tutelados por orientadores e a reencarnação é compulsória. Participar da escolha depende da evolução do espírito.

Quando participei das experiências de regressão, fui convidado a verificar os fatos sob o ponto de vista da Doutrina Espirita. Claro que minha primeira e principal referência sobre o assunto foi o O Livro dos Espíritos. Na parte 2a., cap. VII, perguntas 392 à 399, com o título: O esquecimento do passado quando os Espíritos alertam para os inconvenientes que a lembrança do passado teria para os indivíduos. 

Encontrei também diversas obras na literatura espírita que defendem a utilização terapêutica da regressão. Entre elas, destaco o Dr. Jorge Andréa, psiquiatra e pesquisador do psiquismo profundo e da reencarnação com vasta contribuição nessa área. Entre os desencarnados, através das obras psicografadas, não há uma contraindicação à utilização da nos casos em que forem verificados graves problemas psíquicos, emocionais, físicos ou de comportamento. Pelo contrário. Espíritos como Joanna de Ângelis ( O Homem Integral) e Bezerra de Menezes ( Loucura e Obsessão) tem ressaltado, através de algumas de suas obras, a importância deste tipo de abordagem científica na minimização do sofrimento humano.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 5, temos a orientação dos espíritos para empreender todos os nossos esforços no sentido de minimizar o sofrimento dos homens. Ora se a Terapia desponta como um instrumento da ciência que pode ajudar nesse processo de aprimoramento do ser humano pela cura de alguns de seus sofrimentos, por que não utilizá-la? Será que não poderíamos utilizá-la para ajudar uma pessoa a superar sua Síndrome do Pânico ou de uma depressão profunda, por exemplo?  

Divaldo Franco também deu sua opinião sobre o assunto:
Em vídeo ele diz: "Estamos de pleno acordo com a terapia às vivências ou às existências às vidas passadas, principalmente quando o indivíduo é vítima de determinados transtornos. Terapia que vai nos levar exatamente ao momento do trauma. E o bom psicoterapeuta, trabalhando naquele trauma do passado, anula as consequências do conflito de hoje".

Mas alerta para que a regressão seja aplicada somente por pessoas treinadas da área de saúde mental e fora de centro espírita. Como toda técnica terapêutica, com equilíbrio, bom senso, muito estudo e treino para aplicá-la eficientemente. Se a terapia seguir os requisitos acima poderá ser de muita ajuda para pessoas que estão sofrendo, completa Divaldo.
Isto é fato! Porque temos observado muita mistificação (senão charlatanismo) no que se tornou um modismo, uma novidade para atrair incautos para dentro de consultórios preocupados apenas com o lucro. Os processos hipnóticos podem, na maioria dos casos, levar a lembrança até a vida intrauterina e, daí em diante, qualquer lembrança é ilusória, apenas imaginação do paciente.

Aguardemos os próximos avanços da ciência, mas enquanto as provas científicas sobre o além não aparecem, só resta o caminho da fé aos interessados em tema tão fascinante.

FONTES

Leon Denis - O problema do Ser, do Destino e da Dor

Livro dos Espíritos. Na parte 2a., cap. VII, perguntas 392 à 399

O Evangelho Segundo o Espiritismo
André Luiz - Nosso Lar
Revista Isto É - Reencarnação
Dr. Jorge Andréa - obras diversas
Joana de Angelis - O Homem Integral
Bezerra de Menezes - loucura e Obsessão. 




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