Mesmo sendo virgem,
Maria soube pelo anjo Gabriel que estava grávida. Daria à luz o Filho de Deus.
Contou a novidade a seu companheiro, José, que, de primeira, não embarcou na
história. Repudiou Maria. Depois, o casal se
reconciliou. Veio a especulação teológica: após o nascimento de Jesus, Maria
teria tido relações sexuais com o marido carpinteiro. E assim tiveram quatro
filhos, Tiago, José, Simão e Judas.
A sequência dos
acontecimentos acima combina informações citadas na Bíblia a detalhes descritos
em textos apócrifos, classificados como falsos pela Igreja Católica. São fragmentos da
narrativa apresentada pelo jornalista Rodrigo Alvarez em "Maria - A
Biografia da Mulher que Gerou o Homem Mais Importante da História, Viveu um
Inferno, Dividiu os Cristãos, Conquistou Meio Mundo e É Chamada de Mãe de
Deus"
Para reconstituir os
passos da personagem em 206 páginas, o autor recorre aos evangelhos e outros
textos bíblicos, documentos históricos (muitos do acervo do Vaticano), relatos
não reconhecidos pela Igreja Católica e até mesmo pesquisas arqueológicas. O resultado é um
mosaico de versões, por vezes contraditórias, sobre a trajetória de Maria. Sem deixar de
destacar as dúvidas existentes em torno de cada situação retratada, Alvarez
aborda temas que provocaram discussões teológicas ao longo de séculos como a
virgindade ou lugar e data da morte de Maria.
"A decisão foi
admitir sempre as fragilidades da história. Deixo claro quando não existem
provas a respeito de uma informação", diz o escritor.
A biografia menciona
o suposto adultério associado a Maria e citado no Talmude (livro sagrado da
religião judaica), que contribuiu para acirrar as desavenças históricas entre
cristãos e judeus. O trecho relacionado à traição foi excluído do Talmude ainda
no século 17.
"Foi um boato
sem fundamento, mas que precisava ser contado neste contexto histórico",
pondera Alvarez.
Ele ressalta que
alguns detalhes jamais comprovados nas escrituras acabaram incorporados à
tradição da religião.
"Os pais de
Maria são conhecidos como Ana e Joaquim. São chamados assim há muitos séculos.
Só que isso não está escrito em lugar nenhum. Não há nenhuma escritura ou texto
sagrado que mencione os nomes Ana e Joaquim", diz o jornalista. Alvarez trabalha como
correspondente da TV Globo em Jerusalém desde 2013 e mora a dois quilômetros da
casa considerada pelo Vaticano como o lugar onde Maria nasceu. O caminho até a
biografia passou pelo livro anterior de Alvarez, sobre Nossa Senhora Aparecida,
publicado em setembro de 2014, com uma tiragem inicial de 15 mil exemplares. Um ano depois,
"Aparecida" é considerado best-seller: ostenta a marca de 180 mil
exemplares vendidos.
Com o respaldo deste
resultado, "Maria" chega nesta semana às livrarias com uma tiragem
inicial de 100 mil cópias.
Outro número da
biografia diz respeito ao papel secundário da mãe de Jesus nas escrituras.
"Só existem seis falas atribuídas a Maria em toda a Bíblia", diz o
autor.
A chave da história
de Rodrigo Alvarez é explicar como, mais de 400 anos após a morte de Jesus, a
virgem coadjuvante passou a ser exaltada como a Mãe de Deus.
LANÇAMENTO
HOJE Quarta-feira, 07 de Outubro - 18:30
LIVRARIA CULTURA - CONJUNTO NACIONAL
Avenida Paulista, 2.073
LIVRARIA CULTURA - CONJUNTO NACIONAL
Avenida Paulista, 2.073
Nenhum comentário:
Postar um comentário